quarta-feira

II - Katharine Hepburn - Teatro e Casamento


O verão de 1924 tinha um significado especial: Pela primeira vez, Kat, pela primeira vez ia viver longe da família, pois em Setembro ingressaria na Universidade. No começo foi difícil, pois seu porte altivo afastou as pessoas e ela não conseguiu estreitar nenhuma amizade. Costumava comer sozinha.

Suas notas eram terríveis. Ela mudou o curso de História para literatura e só conseguiu continuar porque já sabia o que queria: ingressar nas atividades de arte dramática da escola. Para isso, estudou para que as notas melhorassem e antes de terminar o ano havia aparecido em papéis principais em duas peças, mas ninguém achava que tinha nenhum talento especial. Conseguiu, também, fazer algumas amigas.

Em 1927, conheceu Robert J. “Bob” McKnight e o levou para passar as férias em casa. De volta à faculdade, interpretou Pandora em The Woman in the Moon. Sua interpretação, selvagem e combativa, assustou alunos e professores, porém a presença de palco era poderosa. Um homem chamado John S. Clark viu o espetáculo e deu-lhe uma carta de recomendação para Edwin H. Knopf, um jovem produtor teatral.

Com receio que o pai não gostasse, pediu dinheiro emprestado a McKnight e foi ver o produtor. Entrou impetuosamente, sem marcar horário e invadiu o escritório. O cabelo amarrado num coque, o rosto vermelho cheio de sardas, a testa úmido e o nariz brilhando não impressionaram o produtor que informou que já havia fechado a temporada e só trabalhava com atores profissionais. Antes de sair, ela disse: “Obrigada, Sr. Knopf, eu volto quando terminar o curso”. E voltou, 1 mês depois.

Entrou sem ser vista durante um ensaio e ficou atrás de Knopf. Ele informou que não tinha nada, mas ela insistiu e ficou três dias sentada, olhando os ensaios até que o produtor cedeu e arranjou-lhe uma vaga em Czarina. O pai, no entanto, não ficou nada feliz com a idéia e deu-lhe 50 dólares deixando claro que seria o ultimo dinheiro que daria.

Knopf ficou espantado quando Kate apareceu com o figurino e fez uma reverencia. O palco era dela. Os Hepburn não foram a Baltimore ver a estréia, mas a tia compareceu assim como alguns amigos do pai, e as noticias que chegaram foi que ela havia se saído muito bem. Na terceira semana de trabalho recebeu uma carta do pai que dizia: “Ganhei 15 dólares no Bridge. Aí vai um presente”. Na semana seguinte chegou um cheque mais polpudo.


Depois de sua aparição em Czarina, ela conseguiu um pequeno papel na peça de Russel Medcraft e Noma Mitchel em The Candle Snatchers. O astro percebendo que a voz dela era muito nasal, deu-lhe uma carta de apresentação para Frances Robinson-Duff, uma das melhores professoras de Nova York, que ficava desesperada com a forma de se vestir da sua nova aluna.

A próxima peça que Kate participou foi The Big Pond (O Grande Lago). Nove dias após a estréia a atriz principal abandonou o elenco e Kate assumiu o papel. Ela ficou tão nervosa que foi horrível! Ao final, o co produtor deu ordens para que demitissem “aquela amadora horrorosa”. Kate recebeu a noticia e agiu com todo orgulho possível. Pouco depois foi convidada por Arthur Hopkins a fazer um pequeno papel na sua peça These Days, que só ficou 8 dias em cartaz e trabalhou em outra peça do produtor, Holiday.

The Big Pond

Na mesma festa que conheceu McKnight, ela também conheceu Ludlow Ogden Smith, o Luddy, e passou a se relacionar com ele. Em 1928 casaram em segredo, tendo como oficiante seu avô.

Já se escreveu varias vezes que o casamento dos dois era apenas um arranjo platônico. Os contratos dela continuavam a ser assinados como Katharine Houghton Hepburn. Nunca ninguém a tratou como Sra. Smith, mas o fato de existir Luddy em sua vida, mesmo que apenas de forma platônica, fazia com que ela, ao mesmo tempo que não era considerada como uma virgem fria, também não precisasse se envolver em namoros nem receber propostas de casamento.

Katharine Hepburn e Ludlow Ogden Smith

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