quarta-feira

VII - Katharine Hepburn - Spencer Tracy

Kate - 1942
Kate admirava Tracy como ator mas também gostava de sua figura: rosto forte, olhos inteligentes e voz áspera. Nessa época, já falava-se do hábito que o ator tinha de beber, mas nem todos sabiam sobre seus problemas: Um católico que não acreditava em divórcio, um marido que não amava mais a mulher, porém era a pessoa a quem ele mais respeitava, um pai com dificuldades em aceitar a deficiência do seu filho e um ator preso pela ganância dos estúdios.

Tracy havia tido um caso com Loretta Young alguns anos antes e atualmente era figurinha fácil nos lugares com da moda, sempre acompanhado de atrizes jovens e bonitas. Ele e a esposa, Louise, estavam casados há mais de 20 anos. Ela desistiu da carreira de atriz definitivamente quando o filho de 10 meses foi declarado surdo. Louise, desde então dedicou sua vida a ensinar o filho, e posteriormente outras mães e crianças, a formar sons, a ler e finalmente falar.

Spencer com o filho John e a esposa Louise

Amigos dizem que quando Louise percebeu que o filho não podia ouvir, levou-o imediatamente ao médico, enquanto Spencer saiu e tomou um porre. Tracy confessava que queria ajudar com o garoto, mas que não tinha o menor jeito e acabava estragando o progresso que Louise tinha com ele. O ator sentia-se terrivelmente culpado e considerava mérito total da esposa o fato do filho poder frequentar uma escola. Em 1941 Louise conseguiu fundar a Clinica John Tracy e ajudava as mães a se comunicarem com os filhos surdos.

Louise entendia a frustração de Tracy e não o recriminava quando chegava em casa bêbado, vindo dos braços de outra ou as duas coisas. Mas Tracy não se perdoava por não conseguir comunicar-se com o filho e nem perdoava sua fraqueza pela bebida. Ela sempre o apoiava, mas a verdade é que já fazia algum tempo que não eram mais marido e mulher.

Kat já tinha assistido todos os filmes de Tracy, já conhecia as histórias sobre mulheres e bebidas, mas também conhecia histórias sobre o profissionalismo. Spencer jamais aparecia embriagado ou incapaz de dar o melhor de si. Preferia faltar a aparecer "indisposto".

O ator, que não conhecia o trabalho de Kate, pediu uma cópia de Núpcias de Escândalo e disse: "É uma danada de boa atriz", mas ainda suspeitava de mulheres que vestiam calça. Porém, gostou do roteiro e concordou em fazer com Kate.

Hepburn foi encontrar-se com os executivos da Metro. Ela, além de ser alta, costumava colocar plataformas quando ia encontrar-se com homens de negócios. E assim foi. Após a reunião, ela e Mankiewicz foram tomar uma xícara de chá e se encontraram com Spencer Tracy. Mankiewicz fez as apresentações e a primeira coisa que kate disse foi: "Tenho a impressão que sou um pouco alta para o senhor, Sr. Tracy". Spencer respondeu: "Não se preocupe, Srta. Hepburn. Eu a reduzirei ao meu tamanho". Continuou para a vida a dúvida sobre quem disse essa última frase, pois os três presentes assumiam a autoria.

George Stevens, Kate e Spencer Tracy
Quando Kate começou a trabalhar em "A Mulher do Dia", ela e George Stevens estavam saindo há seis meses e o fato dela ter insistido para que ele fosse o diretor levantou muitas especulações. Logo no inicio das filmagens foi constatado a química entre Kate e Spencer. Stevens afastou-se e todos percebiam o que estava acontecendo. As duas estrelas se apaixonaram. Mas a consideração que Tracy tinha pela esposa era inabalável. Se os dois fossem manter um relacionamento, esse seria clandestino.

Os fofoqueiros de Hollywood tinham tanto respeito pelo trabalho social de Louise que evitavam anunciar qualquer coisa. Além disso, o casamento era só no papel e o fato de Tracy se recusar a divorciar-se trazia certa simpatia. Quando as filmagens terminaram, os dois estavam extremamente apaixonados. Spencer até parou de beber por um tempo.

A Mulher do Dia




A mulher do dia conta a história de Tess (Katharine Hepburn) e Sam (Spencer Tracy) trabalham no mesmo jornal, mas não gostam muito um do outro. Repentinamente, se apaixonam e se casam! Só que Tess é uma das mulheres mais feministas do país, e ganhou o prêmio de "Mulher do Ano", o que a deixou muito ocupada e, por causa disso, em crise com seu marido. O final do roteiro original mostrava Tess em um jogo de Beisebol (paixão do marido) e realmente empolgada com a partida.

Mankiewicz e Stevens achavam que a maioria das donas de casa se sentiriam inferiores àquela mulher poderosa, que conseguia tudo. Então inseriram uma nova cena, que mostrava Tess tentando fazer o café da manhã sem conseguir. Os escritores e Kate acharam um absurdo, mas nada puderam fazer. Agora as donas de casa poderiam ficar tranquilas. Apesar de linda e poderosa, aquela mulher sequer sabia fazer um café. O filme foi um sucesso absoluto de público e critica.

Tracy, com 41 anos tinha sérios problemas de saúde causados pela bebida. Após suas crises de bebida, ficava melancólico e antes deles ficava mal humorado. Nem Kate escapava do sarcasmo. Mesmo assim ficavam juntos todo o tempo possível. Adoravam pintar juntos.

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